A narrativa de “Uma vez, nada mais” traz a história de duas mulheres apaixonadas e sonhadoras, que aos poucos vão descobrindo que tem muito mais coisas em comum, compondo uma divertida “tragédia amorosa”. Com lirismo, ironia e bom humor, é possível ver o encontro entre a mulher sonhadora e costureira humilde, cujo amor não é correspondido, com sua cliente, uma noiva glamurosa, prestes a concretizar sua felicidade. Sem uma palavra, as atrizes utilizam de uma movimentação bem marcada, precisa e bastante ágil, evocando a estética do cinema mudo.
A montagem traz uma série de referências além do cinema, mas com o universo das novelas brasileiras, das dublagens, da chanchada, do melodrama. Concebidos por Zuarte Júnior, o figurino e cenário são funcionais, prezando pelo preto e branco, mas evocando nostalgia e saudade. A música compõe quase que um terceiro ator no palco, pontuando e ritmando a cena, com harmonia, sob assinatura cuidadosa de Brian Knave. A equipe de criadores ainda conta com nomes experientes como Fábio Espírito Santo e Fernanda Mascarenhas no desenho de luz e Marie Thauront, na maquiagem.
Mais do que um espetáculo divertido, "Uma Vez, Nada Mais" traz um suave olhar para o gênero feminino. O lugar da mulher “realizada”, prestes a casar, que tem ao seu lado a figura de um homem, o que lhe evoca sucesso, estabilidade, confiança. No outro extremo, a mulher solitária, ainda na busca do amor, por vezes, beirando ao desespero na busca pelo par. Embora o clima de nostalgia e evocação de um tempo no passado, essa condição ainda se faz discutível no presente. Aqui a questão do ser “aceita e amada” tratada de forma sofisticada, criando empatia com o público.
Evento: Uma vez, nada mais
Data: 18/2/2011 a 20/2/2011
Local: Teatro Sesc-Senac Pelourinho
Endereço: Praça José de Alencar, 19 - Centro Histórico
Horário: 20h (Sábados e domingos até 19/02)
Ingressos: No local
Valor: R$16 (Inteira)
Site: http://www.sesc-ba.com.br/
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